Queimaduras

As queimaduras são lesões provocadas pelo contato direto de alguma fonte de calor ou de frio, seja por produtos químicos, pela corrente elétrica e/ou por radiação.

As queimaduras também podem ser provocadas por algumas plantas ou animais, como por exemplo: urtiga, larvas e água-viva.

Os fatores que podem provocar as queimaduras atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, causando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como por exemplo:

  • Tecido celular subcutâneo;
  • Músculos;
  • Tendões; e

As queimaduras são perigosas e classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho. Para mensurar a gravidade das queimaduras é analisado o percentual da superfície corporal atingida.

Abaixo, vamos esclarecer todas as dúvidas acerca de queimaduras: grau, causas, tratamento, curas, sintomas e eventuais complicações.

 

Principais causas de queimaduras

As queimaduras acontecem quando parte do nosso corpo entra em contato com algum tipo de fonte que pode provocar a lesão. Podemos citar como os principais causadores de queimaduras os seguintes agentes:

  • Fogo;
  • Combustível;
  • Líquidos superaquecidos;
  • Gordura quente;
  • Ferro quente;
  • Vapor;
  • Superfícies superaquecidas;
  • Substâncias químicas industriais;
  • Solventes;
  • Soda cáustica;
  • Alvejantes;
  • Ácido ou álcalis;
  • Fogos de artifício;
  • Frio extremo;
  • Eletricidade, podendo ser corrente de baixa voltagem ou de alta tensão;
  • Raio;
  • Agentes radioativos, resultantes, por exemplo, de exposição à luz solar ou fontes nucleares;
  • Urtiga;
  • Taturana;
  • Água-viva;
  • Dentre outros.

 

Os tipos de queimaduras

As queimaduras são tipificadas, basicamente, de três maneiras:

  1. Queimaduras térmicas;
  2. Queimaduras químicas; e
  3. Queimaduras elétricas ou radioativas.

– As queimaduras térmicas se caracterizam por aquelas que são provocadas pela exposição ao frio intenso ou por fontes de calor, tais como: fogo; líquidos superaquecidos; vapores; objetos ou superfícies quentes; alta exposição ao sol.

– Já as queimaduras químicas tem como principal característica aquelas que são provocadas por substancias químicas que entram em contato direto com o corpo, mesmo que seja sobre as roupas.

– E, as queimaduras por eletricidade são aquelas provocadas, em geral, por descargas elétricas.

 

Classificação e sintomas das queimaduras

As queimaduras podem ser classificadas como sendo leves, moderadas e graves, e, é de acordo com a sua gravidade que será determinado o prognóstico de cura e a probabilidade de eventuais complicações.

A gravidade das queimaduras é determinada pela sua profundidade, bem como pela porcentagem da superfície corporal atingida, sendo classificadas da seguinte maneira:

  • Queimaduras de 1º Grau

As queimaduras de primeiro grau são mais popularmente conhecidas como queimadura superficial, ou seja, aquelas que tem como característica principal afetar somente a epiderme, isto é, a camada mais superficial da pele.

O exemplo mais comum é a exposição frequente e contínua ao sol, principalmente em horários onde o sol está mais forte, o que corrobora para vermelhidão local e muitas vezes com sintomas de dor, contudo, com uma certa palidez na pele quando se toca.

Ainda são consideradas características das queimaduras de primeiro grau o fato de a lesão ser seca e não produzir bolhas. No entanto, pode haver descamação da pele.

Dificilmente se fica com sequelas de uma queimadura de primeiro grau, com os sintomas desaparecendo normalmente dentro de uma semana.

  • Queimaduras de 2º Grau

Dentro das queimaduras consideradas de segundo grau ainda há uma subdivisão, pois existem queimaduras de 2º grau superficial e queimaduras de segundo grau profundo.

Queimaduras de 2º Grau Superficial

As queimaduras de segundo grau superficial são aquelas que envolvem a epiderme e a parte mais superficial da derme. Elas apresentam os mesmos sintomas das queimaduras de primeiro grau, mas acrescida do surgimento de bolhas, que com o tempo, começam a liberar um líquido incolor.

Quanto à aparência, na queimadura de segundo grau superficial a lesão fica rosada ou avermelhadas, e é possível notar a lesão mais úmida. É comum sentir dores, às vezes intensa, e apresentar inchaço no local.

A cura costuma demorar um pouco mais, com os sintomas desaparecendo normalmente em três semanas.

Geralmente, as queimaduras de segundo grau superficial não deixam marcas ou cicatrizes.

Queimaduras de 2º Grau Profunda

As queimaduras de segundo grau profunda já acometem toda a derme, com boa possibilidade de a lesão destruir as terminações nervosas da pele. Trata-se de uma queimadura mais grave e bem mais dolorosa do que as anteriores.

Geralmente nestes casos, as glândulas sudoríparas e os folículos capilares tendem a ser destruídos, ou seja, você fica com a pele seca e sem pelos.

Mesmo com o tratamento adequado os sintomas e efeitos de uma queimadura de segundo grau profunda só começam a desaparecer depois da terceira semana.

É grande a possibilidade que a lesão deixe marcas e cicatrizes.

  • Queimaduras de 3º Grau

Considerada a mais grave das queimaduras, a de terceiro grau é aquela que acomete toda a derme e atinge os tecidos subcutâneos, causando a destruição total dos nervos, dos folículos pilosos, das glândulas sudoríparas e dos capilares sanguíneos.

É bem comum que queimaduras de terceiro grau atinjam também os músculos e as estruturas ósseas.

As lesões deixadas por queimaduras de terceiro grau são geralmente esbranquiçadas ou acinzentadas, secas, indolores e deformantes.

Em virtude disso, não se consegue curar ou reparar as lesões de queimaduras de terceiro grau sem o apoio cirúrgico, mesmo porque, a probabilidade de ser necessária a realização de um enxerto de pele é grande.

 

Como diagnosticar e classificar as queimaduras

É através de um exame clínico que se determina a classificação das queimaduras. O médico fará a análise da porcentagem de área corporal que foi queimada e dará o diagnóstico.

É comum, mesmo que você chegue para um atendimento de quadro de queimaduras, a análise de outras lesões, principalmente para saber até onde a lesão afetou.

Testes e exames laboratoriais, além de raio-x, podem ser solicitados para complementar o diagnóstico.

Para se ter como base, considera-se em torno de 1% de área total corporal o equivalente a uma palma da mão.

Para crianças, com idade inferior a 10 anos, e para idosos, até pequenas queimaduras podem significar um risco maior, independente da porcentagem que as atinjam. Por isso, em qualquer situação de queimadura, é essencial que procure ajuda médica profissional com urgência.

Agora, para pessoas fora dessa faixa etária citada acima, segundo a American Burn Association (Associação Americana de Queimaduras), as queimaduras são consideradas graves quando atingem mais de 25% da área corporal total.

Também são consideradas queimaduras graves aquelas que atingem:

  • A região dos olhos;
  • A face;
  • As orelhas;
  • As mãos;
  • Os pés; ou
  • A virilha.

 

O que se deve evitar em situações de queimaduras e o pronto-atendimento

Existem algumas recomendações básicas para os casos que envolvem queimaduras. São elas:

  • Não colocar as mãos no local, ou tocar com qualquer outra coisa.
  • Não estoure as bolhas.
  • Não remover os tecidos grudados na pele queimada. Se o caso permitir, somente corte a parte solta cuidadosamente.
  • Não retire corpos estranhos da lesão.
  • Não use qualquer tipo de material ou produto sobre as queimaduras.
  • Procure ajuda profissional.

Ao contrário do que se escuta, deve-se evitar colocar gelo, manteiga ou pó de café; passar pomadas, clara de ovo, óleo de cozinha ou qualquer outro produto sobre a área queimada. Isso pode ser prejudicial.

Em caso de acidente culminando em queimaduras, o primeiro passo é procurar interromper o agente causador da lesão.

Depois, caso seja identificado queimaduras do tipo leve, pode lavar o local com água corrente e em temperatura ambiente, pelo menos até que a queimadura esteja completamente resfriada.

Para os outros tipos de queimaduras, o melhor a fazer é buscar ajuda profissional, seja em uma emergência hospitalar ou em um posto de atendimento mais próximo.

Caso o deslocamento esteja comprometido, pode-se entrar em contato com o SAMU pelo telefone 192, ou com o Corpo de Bombeiros, através do telefone 193.

 

A cura e o tratamento para queimaduras

As queimaduras, tanto a de primeiro quanto a de segundo grau superficial, curam-se em questão de dias, e, geralmente não deixam cicatrizes ou marcas.

Em contrapartida, as queimaduras de segundo grau profunda e as de terceiro grau mais amenas, demoram semanas para se curarem, e, geralmente deixam marcas e cicatrizes, precisando, na maioria das vezes, enxertos de pele que devem ser feitos por um médico cirurgião plástico especializado.

Agora, as queimaduras de terceiro grau que atingem grande parte da superfície corporal são mais complicadas. Quando afetam 90% do corpo (ou mais de 60% em idosos) é considerada mortal.

Em relação ao tratamento, ele varia de acordo com o tipo de queimadura, mas só deverá ser prescrito por um médico especialista.

O mais usual é a recomendação de uso de pomadas calmantes e cicatrizantes, e, dependendo do tamanho da lesão, cirurgias extensas com técnicas de enxerto de pele. Para queimaduras leves pode ser indicado aplicação de compressas na lesão.

Para evitar eventuais infecções, as queimaduras devem ser limpas com muito cuidado, principalmente para que a sujeira não permaneça, fique impregnada ou acumule na lesão.

Em geral, analgésicos podem ser prescritos, bem como anestésicos, em especial para poder fazer a assepsia. Também é muito importante estar em dia com a vacina antitetânica.

Em algumas situações o único tratamento necessário é a aplicação de um creme antibiótico, que serve para prevenir a infecção e ajuda na construção de uma barreira para impedir que bactérias entrem em contato com a lesão.

O uso de curativos depende do grau da lesão. Geralmente é feito com material não adesivo ou gaze devidamente esterilizada. Importante salientar que para retirada e troca da gaze, é essencial que a umedeça bem, justamente para que não fique incorporada ao corpo.

 

As complicações que as queimaduras podem causar

As queimaduras leves, e até as de segundo grau superficial, se cuidadas conforme orientação médica, dificilmente vai apresentar complicações.

No entanto, as mais profundas ou generalizadas podem acarretar em:

– Infecções: pois as queimaduras tendem a deixar a pele mais vulnerável à infecção bacteriana, podendo inclusive aumentar o risco de sepse, que é uma infecção com risco de vida.

– Problemas respiratórios: em especial em casos de incêndio, onde há a inalação de fumaça que pode danificar os pulmões, causando insuficiência respiratória.

– Diminuição do volume sanguíneo: pois as queimaduras podem danificar os vasos sanguíneos e causar a perda de fluidos, resultando em hipovolemia. A perda severa de sangue e fluidos pode comprometer o bom funcionamento do coração, impedindo que ele bombeie sangue suficiente para o corpo.

– Baixa temperatura corporal: isso acontece porque a pele tem como função controlar a temperatura do corpo, e sem ela, o corpo perde calor, o que pode acarretar em hipotermia.

– Problemas ósseos e articulares: pois dependendo de quão profundo é a queimadura, ela pode limitar a movimentação dos ossos e de articulações, isso porque o tecido cicatricial pode acarretar em encurtamento e aperto da pele, músculos e/ou tendões, o que eventualmente deixa as articulações fora de posição.

– Cicatrizes: principalmente em casos de queimaduras de segundo grau profunda e de terceiro grau, que deixam marcas e áreas sulcadas que são causadas por um superaquecimento de tecido cicatricial, as conhecidas queloides.

DR. ERICK BRAGATO

CRM 193.986 / RQE 91.669

Dr. Erick Bragato é Membro com Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Formado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (PR).

Residência médica em Cirurgia Geral no Hospital Federal da Lagoa (RJ).

Residência médica em Cirurgia Plástica estética e reconstrutora do Conjunto Hospitalar do Mandaqui (SES/SP).

Fellowship em Cosmiatria Avançada, com experiência em injetáveis em geral (Toxina botulínica, preenchedores e bioestimuladores) e rejuvenescimento Facial.

Doutorado na área de Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde (com ênfase em fotobiomodulação para rejuvenescimento facial).

Tem experiência em cirurgias da face e contorno corporal.